Esta é a minha segunda visita a Asia, há 3 anos atrás tive a oportunidade de conhecer os Emirados Árabes e na mesma viagem fiz trabalho voluntário na Índia e também no Nepal.
A experiência de ser voluntário em outro país foi maravilhosa a qual sempre recomendei para meus amigos, mesmo tendo sido tao rápida, pois fiquei apenas algo em torno de 1 mês entre India e Nepal, dois países extremamente ricos culturalmente que é impossível de se aprofundar nas informações tendo um tempo tao curto.
Durante minha primeira visita ao Nepal, tive o acompanhamento de uma empresa que me recebeu no aeroporto, me levou para a acomodação, me mostrou a casa, me passou o horário que seriam as refeições, me deu a programação dos trabalhos voluntários, entre outras dezenas de coisas para facilitar a minha vida e o meu aproveitamento durante a curta estadia.
Desta vez tudo foi infinitamente diferente, passei boa parte dos dias acampado, não tínhamos tempo para nada, não sabíamos os horários das refeições, banho nem sempre foi possível, e os trabalhos voluntários surgiam a cada segundo, pois as necessidades sempre foram diferentes e nada programadas, além disso, passei praticamente 80% do meu tempo com Nepaleses, e neste período não tive contato algum com nenhuma outra pessoa de outra nacionalidade.
Esta experiência com os locais, me agregou uma bagagem infinitamente maior sobre a história do país, cultura, alimentação, trabalho, religião, família, rotina, enfim, tem sido algo bem intenso e que tem me agregado bastante coisa.
Após essa breve explicação acima, entro no assunto das Castas.
Em Kathmandu, capital do Nepal, tudo é mais corrido, as pessoas são extremamente atenciosas, mas todos estao correndo atras do seu, e voce não tem tanta oportunidade de ir mais a fundo nas conversas ou ate mesmo entender o dia a dia das pessoas que voce vai conhecendo.
Por outro lado, tive a oportunidade de passar um bom tempo numa vila chamada Deurali, 8-9 horas de distancia de kathmandu, e esses dias por lá fizeram toda diferença, principalmente pelo fato de que as crianças falam inglês, entao mudou toda a historia, pois não só pude aprender muita coisa, como também compartilhar.
Quando voce encontra pela primeira vez as pessoas nos vilarejos, eles fazem muitas perguntas, mas normalmente são sempre as mesmas:
Qual seu nome? Qual sua casta? Voce é casado? Qual sua idade? Voce tem foto da sua família?
E depois de terem essas respostas, todos já estão íntimos, entao fica mais fácil qualquer outra etapa da conversa.
Com essas perguntas surgiu a minha primeira dúvida: O que são realmente as castas?
Eu já havia escutado sobre isso aqui no Nepal e na India anteriormente, entendi superficialmente mas decidi entao entender mais e compartilhar o que eu entendi com voces, caso alguém queira acrescentar mais informações, ou correções, todos ficaremos gratos.
O que é o sistema de Castas?
Basicamente: “É uma divisão social extremamente importante na sociedade Hindu. As castas são um grupo hereditário no qual a condição do indivíduo passa de pai para filho, e cada integrante só pode casar-se com pessoas do seu próprio grupo.”
Aqui no Nepal existem 4 classes de Castas, são eles: Bramhim, Chetri, Vaishya, Shudra.
Antigamente, muito antigamente, as castas eram definidas de acordo com suas habilidades, exemplo:
Se voce era inteligente, estudioso, voce era Bramhim; se voce era um comerciante, voce seria um Vaishya; se voce trabalha no campo, voce é considerado Shudra, e assim por diante.
Com o passar do tempo, as classes e grupos étnicos foram ficando mais fortalecidos e nos últimos tempos ficou definido que se voce nasce Bramhim, voce é Bramhim, e desta forma aplica-se para todas as outras castas.
Dentre as 4 classes existem 125 grupos etnicos, onde cada um deles possuem seu próprio idioma + o Nepales, com exceção de dois deles, que não possuem dialeto próprio e falam apenas Nepales. Ou seja, são 123 dialetos + Nepales.
As unicas classes que só falam Nepales são os Bramhims e os Chetris.
Os Shudras, foram por muito tempo considerados intocáveis. Nas grandes cidades, todos dizem não serem preconceituosos e dizem que não julgam mais as pessoas pelas castas, além de assumirem e aceitarem todos de forma igualitária, mas é perceptível que algumas pessoas ainda tem um pé atrás com as classes mais baixas.
Nas vilas, é visivelmente claro o preconceito.
Cheguei a fazer doações de telhado de zinco para vilas onde todos eram Shudras, e quando íamos para lá, as pessoas nas vilas ao lado falavam: “Ah, voces vao ajudar o pessoal de casta mais baixa também?!”.
O preconceito é real e ainda existe.
Enfim, achei essa história toda tao diferente da nossa realidade de Brasil, que decidi explicar um pouco mais.
Abracos a todos,
Danniel Oliveira! 😉
Foto topo do texto: Vila de Amale, Distrito de Gorkha, Nepal.
Foto abaixo: Divisão das principais castas e suas localizações no país.
É isso pessoal, obrigado a todos que seguem os meus canais.
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